quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Bodega Ruca Malen - parte 1


Finalizando os relatos da viagem a Mendoza (estou quase viajando outra vez!), quero contar a vocês sobre a maravilhosa Bodega Ruca Malen. Tudo nela é poético e instigante, com uma energia fantástica. Começa com a origem do nome. Ruca Malen significa 'casa da mulher jovem'. É uma lenda do povo Mapuche, nativo da região de Mendoza, que conta que todos deviam andar de cabeça baixa, pois do contrário seriam punidos. Uma jovem corajosa um dia levantou a cabeça e vi seu deus. Apaixonaram-se. Ela deveria ser punida. Mas seu destino foi diferente. Seu deus a colocou em um lugar especial, Ruca Malen, e deu-lhe uma bebida para alegrar seus dias, vinho.  


Antes de visitar a vinícola, nos foi servido o primeiro passo do Aperitivo do Menu Degustação, salada de quinoa e limão, temperada com azeite de oliva Arbequina, acompanhada por chips de maçã caramelizados com creme de cítricos e cunha de maçã verde. Harmonizado com o vinho Yauquén Chardonnay 2009 (100% Chardonnay, sem passagem por barrica, sem fermentação maloláctica). Com esta harmonização destacou-se a fruta, a persistência e a acidez equilibrada do vinho através da frescura do creme de cítricos e da maçã.  


O 'recorrido' e os demais vinhos ficam para os próximos posts.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Viapiana Vinhos e Vinhedos

(foto do acervo pessoal de Francesca C. Maggioni Pastori, gentilmente cedida)

Em Flores da Cunha/RS, no Travessão Alfredo Chaves, está localizada uma vinícola na qual fizemos uma visita técnica de caráter muito especial. O motivo para isso é o fato dela pertencer à família de nossa colega Débora, uma pessoa meiga e super inteligente. Com certeza ela será uma grande enóloga.  

 (foto do acervo pessoal de Francesca C. Maggioni Pastori, gentilmente cedida)


(foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)


(foto do acervo pessoal de Francesca C. Maggioni Pastori, gentilmente cedida)


Fomos recebidos pelo enólogo Elton Viapiana, que mostrou as instalações da empresa, revisando conosco o processo de vinificação. Visitamos a cave, que tem em sua entrada o belo painel da foto abaixo. Seguimos então para conhecer o Enoespaço Viapiana, composto de Wine Bar, Restaurante, Boutique e Sala de Cursos, onde degustamos. 

(foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)


(foto do acervo pessoal de Francesca C. Maggioni Pastori, gentilmente cedida)

A parede da Sala de Cursos tem esses lindos adesivos, com termos que remetem à analise sensorial. Degustamos os vinhos Sauvignon Blanc e Cabernet Sauvignon e a novidade Marselan, que será colocada no mercado somente no inverno de 2011. Ficamos gratos pela homenagem de provar esse vinho. Coisas de gente carismática e acolhedora. É uma vinícola que deve fazer parte de todos os roteiros à Serra Gaúcha.

(na data da postagem o site estava em construção)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Luiz Argenta - parte 3

 (imagem do site da Vinícola Luiz Argenta)
(foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)

De acordo com o site da vinícola Luiz Argenta, por serem símbolos reconhecidos em todas as culturas, os sinais gráficos são representativos, esteticamente modernos, permitem diferentes interpretações e foram escolhidos para estampar os rótulos dos vinhos e espumantes. Os seus significados são instigantes e perenes, transcendendo modismos passageiros. Por tudo isso, são as melhores representações para a linha de vinhos e espumantes da empresa. Para que pudéssemos tirar nossas próprias conclusões, nos foi oferecida uma degustação de vinhos e espumantes.

(foto Caren Muraro)

(foto Caren Muraro)

Degustamos em primeiro lugar o espumante Brut, elaborado pelo método Charmat longo, a partir de uvas Chardonnay e Riesling Itálico. Com coloração amarelo esverdeado, perlage realçada pela taça do espumante brasileiro, aroma fino, que lembra maçã e cítricos. Depois foi a vez do Chardonnay Reserva, com cor amarelo palha e reflexos dourados. Na opinião geral da turma, a taça muito grande e aberta não foi adequada para ressaltar os aromas do vinho branco, que se dissiparam. Em boca tem características de maciez e acidez equilibrada. (este vinho não é aquele do post anterior, que faz a fermentação maloláctica em barricas de carvalho, aquele é o Gran Reserva)
O próximo foi o Cabernet Franc, sem passagem por barrica. Coloração vermelho rubi intensa. Aroma fresco, frutado, pimenta e geleia de morango (unanimidade!). A taça grande (igual à anterior) favoreceu muito o vinho. E por último, degustamos o Merlot Reserva. Com breve passagem por barricas, possui cor vermelho rubi intensa, aroma complexo e fino, boca macia, alcoólico e agradável.

(foto Caren Muraro)

Nesta foto observa-se os sinais gráficos nos rótulos. De acordo com Daiane Argenta, que conduziu a degustação, quanto mais jovem for o vinho, mais o símbolo merecido será de finalização, como as reticências deste Rosé. Para um vinho de potencial de envelhecimento, como Cabernet Sauvignon e Merlot, a pontuação será de continuidade, como vírgulas e dois pontos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Luiz Argenta - parte 2

Continuando a visita técnica à Luiz Argenta, descemos mais um andar, para o piso onde se situa a sala do enólogo, a expedição e uma parte das barricas de carvalho, nas quais o vinho Chardonnay passa pela fermentação maloláctica, que tem por função diminuir a acidez do vinho, conferir maciez e dar estabilidade microbiológica. Nesta barrica com fundo transparente podemos observar as borras que se formam no fundo. Essa técnica se chama sur lies, sobre borras, e é importante na estabilização dos vinhos.

 (foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)

Descendo mais um nível chegamos à cave das barricas de carvalho, onde alguns dos vinhos tintos da empresa, como Merlot e Cabernet Sauvignon Reserva e Gran Reserva, estagiam por períodos variados. A parede de pedra denuncia o trabalho de engenharia que foi realizado para permitir que a vinícola trabalhe utilizando a gravidade, minimizando o uso de bombas para a manipulação do vinho. 

 (foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)

(foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)
 
Nesta linda mesa acontecem degustações para convidados VIP.
 
( foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Luiz Argenta - parte 1

(foto do acervo pessoal de Francesca C. Maggioni Pastori, gentilmente cedida)

Em Flores da Cunha/RS, situa-se uma das mais modernas vinícolas do Brasil, a Luiz Argenta. Localizada na antiga propriedade da Granja União, onde em 1931 foram plantadas as primeiras uvas viníferas do Brasil, conta atualmente com 55 hectares de vinhedos. As plantas são conduzidas em espaldeira, com rendimento por planta limitado, para maximizar a qualidade da uva.

(foto do acervo pessoal de Francesca C. Maggioni Pastori, gentilmente cedida)

A vinícola possui equipamentos de alta tecnologia para a condução da vinificação, e foi projetada para trabalhar por gravidade. Isso significa mínima manipulação dos mostos e vinhos por bombas, preservando a integridade dos produtos.

(foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador, gentilmente cedida)

A uva recém desengaçada cai nesse carrinho, que é conduzido para o tanque desejado, onde o mosto é colocado. Os tanques tem formato cônico, para otimizar o processo de remontagem. Para esse procedimento também é usado o carrinho, que recebe o mosto na abertura embaixo do tanque, é içado até a boca superior e escoa o líquido sobre a massa sólida de bagaço (cascas da uva). Assim as matérias corantes da casca são extraídas, fornecendo cor, taninos e polifenóis.

(foto Caren Muraro)

Na foto abaixo, a prensa pneumática está posicionada para a descuba (retirar o líquido das cascas). Em outras vinícolas essa operação requer o uso de bombas para a transferência, mas na Luiz Argenta a gravidade faz todo o trabalho.

 (foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador , gentilmente cedida)

Abaixo temos uma ideia da altura necessária dos tanques para se trabalhar com gravidade. São 3 metros de altura. Na foto, o enólogo Edgar Scortegagna, super agasalhado no dia 13 de dezembro!

(foto do acervo pessoal de Caline L. Rasador , gentilmente cedida)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Como nasce um espumante


          Em recente visita técnica do IF-RS à Chandon, em Garibaldi, pudemos observar as diversas fases do processo de elaboração de espumantes pelo método Charmat. Neste método, a tomada de espuma, ou segunda fermentação, é feita em tanques. Nesse painel da foto está descrito o esquema para a elaboração do espumante brut rosé. Ao ser servido direto do tanque, há grande quantidade de espuma, pois a segunda fermentação está acontecendo nesse momento.



          Após visitar as instalações da cantina, tivemos palestra de Marketing com o Sr. Danilo Cavagni. E degustação de espumantes, para fechar com chave de ouro!




Os produtos degustados foram:
- Chandon Réserve Brut (55% Riesling Itálico, 15% Chardonnay, 30% Pinot Noir; 10 g/L açúcar, 11,8%v/v). Coloração verde amarelada com reflexos dourados, espuma abundante e persistente, colarinho no contorno da taça, perlage com borbulhas finas, ativas e numerosas. Aroma floral, frutado, abacaxi, maçã, pão fresco. Em boca, acidez equilibrada, redondo e fresco, com persistência média;

-  Excellence Cuvée Prestige (35% Chardonnay, 65% Pinot Noir; 7 g/L açúcar, 12% v/v). Uvas provenientes somentes das melhores quadras dos vinhedos da Chandon, amadurece 9 meses em tanques e 12 meses em garrafa, antes de ser colocado no mercado. Tem coloração amarelo esverdeado, com reflexos dourados, espuma abundante e persistente no colar, perlage fina, ativa e persistente. Aroma de ameixa, cítricos, amêndoas, torrefação, toque sutil de canela e caramelo. Em boca, acidez equilibrada, sensação de cremosidade pelas leveduras. Persistente, ao final revela aroma de frutas secas, com toques de torrefação;

- Chandon Brut Rosé (40% Pinot Noir, sendo 10% vinificado em tinto, 45% Riesling Itálico, 15% Chardonnay; 14 g/L açúcar, 11,9% v/v). Coloração rosada delicada (segunda e terceira fotos), perlage fino, numeroso e ativo, espuma abundante com colarinho persistente na taça. Aroma de morango, amora, cereja, especiarias doces. Em boca, ataque refrescante, sensação aveludada de maciez. Muito fino e delicado;

- Chandon Passion (10% Pinot Noir, 30% Malvasia Bianca, 30% Malvasia de Cândia, 30% Moscato Canelli; 35 g/L açúcar, 11,7% v/v). A Pinot Noir é submetida a uma maceração suave e rápida para extração da cor responsável pela coloração blush rosado (quarta foto). Espuma abundante com formação de colarinho definido, perlage fino, ativo e abundante. Aroma de lichia, maracujá, pêssego, toques florais de rosas e flor de laranjeira. Em boca, ataque de acidez, doçura que agrada a grande parte dos consumidores, equilíbrio sutil e fim de boca intenso, com frutas tropicais.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Chianti contemporâneo


          Esse lindo ambiente pertence à Makrovision, loja de equipamentos de automação e home-theaters em Novo Hamburgo. Lá a COFEV reuniu-se para brindar em torno de um vinho italiano, o Chianti Gentilesco, safra 2008, da empresa Bonacchi. Trata-se de um Chianti contemporâneo, onde a uva Sangiovese é cortada com uvas internacionais, como a Merlot e a Cabernet Sauvignon.  


          Este vinho trata-se de um DOCG, que significa Denomizazione di Origine Controllata i Garantita. Existem 24 DOCG na Itália (dados de 2003). Essa denominação foi promulgada pelo governo italiano em 1980, englobando vinhos de melhor qualidade do que a DOC. A DOCG tem normas mais rígidas que a DOC. A palavra Garantita pode confundir os consumidores, pois não é a qualidade organoléptica que está garantida, e sim a obediência às normas da denominação de origem. O Chianti provem da Toscana, berço da uva Sangiovese, considerada a melhor uva da Itália. Tradicionalmente o Chianti era uma mistura de uvas tintas (Sangiovese e Canaiolo) e brancas (Malvasia e/ou Trebbiano). O objetivo de misturar uvas brancas era realçar a vivacidade, impulsionar o sabor e permitir que o vinho fosse bebido mais jovem. Isso popularizou ainda mais o Chianti, mas o corte com Trebbiano, uva neutra (usada na França para destilar e produzir cognac), desestruturou o vinho, tornando-o magro, vazio e desequilibrado. Por ocasião da II Guerra Mundial, cerca de 30% de alguns Chianti era da cultivar Trebbiano. Nessa época, devido a incentivos do governo para o desenvolvimento da agricultura, houve implantação de muitos novos vinhedos de Sangiovese, por toda a Toscana. No entanto, o clone disseminado foi inadequado, contribuindo para afetar a reputação do Chianti. No final da década de 1960, o vinho era mais conhecido pela garrafa de palha, o fiasco, do que pelo conteúdo. Atualmente, de acordo com a DOCG, o Chianti deve ter 75% de Sangiovese, até 10% de Canaiolo e os 15% restantes de outras uvas tintas, inclusive as internacionais Cabernet Sauvignon e Merlot, e passa de 6 a 8 meses em tonéis de carvalho. O resultado é um vinho fresco, frutado, ideal para acompanhar refeições.

Mapa daqui. Bibliografia consultada: A Bíblia do Vinho, Karen MacNeil, 2003.